quinta-feira, 10 de março de 2011

Desencantos I


Desmanchei o laço vermelho em meu peito.
Pus nas malas as poucas peças de roupa que ainda me restavam.
E parti, sem este medo de não voltar.
Eu não senti saudade alguma quando cheguei à porta.
Larguei a copia da chave sobre a mesa.
Nunca mais olhei para trás.
Nunca mais lembrei de mim.

Mein herz Brennt


Esse é o fantástico colapso.
A maravilhosa sinfonia de gritos e arrastar de ossos.
O grande mausoléu dos circos.
As paginas avulsas do tempo.
Este sim é o que não vemos,
Essa carroça mortuária que chama por nomes.
Um arco ires de preto.
A boca aberta devoradora de homens.
E que todos os suspiros,
Atinja-lhe a navalha.
E a meia forca a vida não afugente o medo.
Toda gloria agora uma desgraça.
Como a de quem perde um filho a pos chorar em seus anseios.
Estes tambores confundidos como gralhas.
Esta comemoração vulcânica de sinas.
Esta fumaça expeça não é diferente das almas.
Fugaz melancolia, os arranhões sem rimas.
E a vida mais patética que nunca.... Assim se faz... Assim se ensina.
E tudo se foi,
E se é..
Já não sendo a mesma coisa.
Um engano constante de cores abstratas.
Uma explosão inexistente de coisas.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Folhas de outono


Eu não sei escrever de amor.
Sei pouco, quase nada comparado a dimensão que é um sentimento.
A certeza que tenho é que sinto. Porque meu peito e minha alma me mostram com voracidade e nervosismo que não queremos ser só um.
Eu nunca ouvi falar de amor, apenas boatos... Cochichos.
Como uma risada doce de alguém que vai longe em alguma esquina.
Não sei do que é feito o amor.
Mas sei seu gosto, uma mistura de doce e amargo, explosão de cores em uma dança, hora feliz, hora descontente.
Ah quem diga que o amor nós torna marionetes do acaso, sem nem uma circunstancia.
E que tudo é distorcido, avesso, desavesso, encontro e desencontro.
Não se vê nada com a razão e sim com o coração.
Pois o que é importante na vida, não esta fora mais dentro.
O que me cabe escrever agora?
Se não um segredo que não nos pertence.
Um doce mistério de descobertas.
O amor não pode ser escrito, porque amor não tem dimensão.
E se for escrito não é amor, pois tudo que se define é limitado e o amor é sem fim.

“O amor é a morada mais acolhedora, semelhante à sensação de chegar em casa depois de uma longa viagem.”

terça-feira, 1 de março de 2011

In Memories III



Foi embaixo daquela castanheira que em sonho me vi pequeno.
Cabelos esvoaçados, alegria e contentamento.
A Curiosidade em suma e pressentimento.
Olhos vivos cheios de sonhos... A verdade que hoje perdi.
Aproximei-me de mim e perguntei-me.
-Que queres ser quando adulto menino?
Eu pequenino, sem medo, agarrei-me a meus dedos velhos e mão calejada.
Passei a minha mão cheia de inocência em meu rosto abatido e
Abraçando-me disse em meus ouvidos.
-Quero ser poeta!
Eu o olhei bem em seus olhos, buscando aquilo que havia perdido.
A inocência casta de um dia...
O amor mensurado por todas as coisas... Sem cobrança alguma.
Quando a lagrima cobriu meu espírito e a vontade era de apenas abraçar-me por todas as coisas que haveriam de vir.
De longe em um eco doce.
Minha amada, mãe. Chamando por minha infância.
Enquanto eu, pequeno corria em direção dos mistérios que me aguardavam.
Eu acenava da linha do tempo que nós desprendia.
-Vai! Segue seu caminho criança, que eu, rogo por ti.